Nasci em um ano em que a palavra internauta estava mais para algo vindo do espaço como um astronauta. Sou da geração, em que fingir que se escreve no Windows DOS no trabalho da mamãe era o contato com a mais alta tecnologia.
Ter aula de datilografia era primordial para destacar seu currículo no mercado de trabalho. Bolinho de chuva e chá de capim cidreira servia para curar mal humor de criança e canja de galinha era o antibiótico do século.
Cresci numa época que os brinquedos não andavam, nem falavam sozinhos, só se a minha criatividade ordenasse; que levar chinelada era natural para corrigir criança mal educada e desrespeitosa; que a professora era a tia querida que a mãe comprava ovo de páscoa, presente de natal e lembrança do dia dos professores e nos fazia entregar; que brincar na rua era a melhor coisa que existia; que os pais dos amigos cuidavam da gente e protegiam; que escrever cartinha e mandar pelo correio era mágico e dava um friozinho na barriga receber do carteiro uma que mandaram pra gente; que ter doze anos era ser criança e agir como criança.
Hoje as crianças do meu bairro, que eu dizia serem os próximos donos da rua, nunca chegaram a sequer andar descalços no chão de terra batida, o mundo evolui muitos dirão, as coisas mudam, mas no fim, quando só me restar as lembranças do que vivi, sei que vou me deliciar com minhas grandes aventuras, e não ter apenas jogos de PS pra recordar.
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